Por Amanda Zambelli
Muito se tem falado atualmente sobre a importância de se exercer uma liderança humanizada nas organizações. Trata-se de uma prática pela qual os líderes desenvolvem um olhar mais empático com seus subordinados e em que a produtividade e os resultados continuam sendo importantes, mas não a qualquer custo. Este conceito antecede a pandemia da COVID-19, mas passou a ser ampliado nos últimos dois anos, especialmente em função das consequências da Covid para a qualidade de vida e bem-estar dos profissionais.
Pois bem, e o que a maternidade tem a ver com liderança humanizada? Para mim tudo, já que foi a maternidade que me ajudou a desenvolver este olhar mais cuidadoso com as pessoas.
Antes da maternidade, sempre fui focada exclusivamente nos resultados, não importava como, o famoso “profissional trator” que sai passando por cima de tudo em busca de produtividade e entrega. Perdi as contas das vezes em que adoeci, deixei de cuidar de mim, da saúde e do lazer.
E eis que em 2015 decido me tornar mãe e pela primeira vez em anos, entendo que não consigo mais controlar tudo e que vulnerabilidade não é sinônimo de fraqueza, e sim uma das principais características que nos torna humanos.
Assim, neste Dia das Mães, quero compartilhar 5 lições que a maternidade me ensinou sobre como me tornar uma liderança mais humanizada.
1 – Comunicação transparente e empática
Ter uma comunicação transparente representa a construção de uma relação de confiança e de troca. Ouvir verdadeiramente, ou seja, praticar a escuta ativa, mostra que, mesmo em meio a uma série de demandas, você se esforça para ser acessível. A empatia vem por entender que a preocupação do outro pode não ter o mesmo peso para você, mas ela precisa ser compreendida e respeitada.
2 – Um não justificado vale mais do que vários “sims” a qualquer custo
Na maternidade, isso está representado por explicar porque aquele pedido não será atendido. Nas organizações, isso se traduz em cultura de feedback constante. Se aquela promoção, projeto ou outra iniciativa não vai ocorrer, se a entrega não foi satisfatória, o motivo precisa ser explicado e o entendimento checado.
3 – Não é mais sobre você, mas é sobre você também
Uma mãe coloca as prioridades do seu filho, da sua família, acima das suas. Isso se reflete em foco nas necessidades dos integrantes da sua equipe. Um líder nada mais é do que um mediador das necessidades da organização, do time e das suas. Em alguns momentos a “corda” vai tensionar mais para o lado da organização, em outros para os integrantes do time, mas é papel do líder compreender as necessidades do time e tentar conciliar junto ao que é esperado pela organização.
4 – Seu filho não vai ser como você
E tudo bem. O mesmo vale para quem é líder. O papel do líder não é buscar alguém que seja igual a ele e sim alguém que o complemente, para quem ele ou ela possa ensinar, mas com quem também possa aprender. Nas organizações, isso se traduz como o alinhamento dos processos com o perfil desejado de profissionais.
5 – Não dá para controlar todas as variáveis
A maternidade me ensinou que não dá para controlar tudo. Você se arruma, marca um compromisso, seu filho passa mal, se machuca e você precisa se reorganizar em função de uma adversidade. O mesmo acontece nas organizações. Por mais e melhor que seja o seu planejamento, estamos falando de pessoas e cada um tem sua personalidade e sua forma de fazer as coisas. Cabe ao líder direcionar da melhor forma possível, influenciar positivamente, acompanhar e dar feedback. E nas adversidades e ao que foge ao controle, avaliar o que é possível ser feito em conjunto com aquele profissional.
Importante ressaltar que essas lições não são aprendidas apenas para quem é mãe. As experiências são múltiplas e todas nos ensinam de alguma forma. Mas para mim, o aprendizado veio com a maternidade.
E para você? Que experiências lhe permitem exercer a liderança humanizada?
Feliz Dia das Mães!
**Amanda Zambelli é pós-doutoranda em Administração e professora de pós-graduação na Fucape.